quinta-feira, setembro 30, 2004

Silvia, the Fool.

Finalmente, uma explicação plausível.

The Fool Card
You are the Fool card. The Fool fearlessly begins the journey into the unknown. To do this, he does not regard the world he knows as firm and fixed. He has a seemingly reckless disregard for obstacles. In the Ryder-Waite deck, he is seen stepping off a cliff with his gaze on the sky, and a rainbow is there to catch him. In order to explore and expand, one must disregard convention and conformity. Those in the throes of convention look at the unconventional, non-conformist personality and think What a fool. They lack the point of view to understand The Fool's actions. But The Fool has roots in tradition as one who is closest to the spirit world. In many tribal cultures, those born with strange and unusual character traits were held in awe. Shamans were people who could see visions and go on journeys that we now label hallucinations and schizophrenia. Those with physical differences had experience and knowledge that the average person could not understand. The Fool is God. The number of the card is zero, which when drawn is a perfect circle. This circle represents both emptiness and infinity. The Fool is not shackled by mountains and valleys or by his physical body. He does not accept the appearance of cliff and air as being distinct or real.
Image from: Mary DeLave http://www.marydelave.com/


Which Tarot Card Are You?
brought to you by Quizilla

Curiosamente, o livro que me acompanhou nesta viagem entitulava-se "The Queen's Fool". Coincidência, ou talvez não...

quinta-feira, setembro 23, 2004

Portugal à vista.


Levantei-me cedo e arrumei a mochila. Apanhei o metro para a Estação de Sans. Deixei ficar a mochila na consigna, comprei o bilhete para o comboio que partiria às 19 de Barcelona em direcção a Vigo. Depois passei o dia a subir e descer do Bus Turistic que me traria de volta à estação de comboio pelas 18,30. Tempo apenas para levantar a mochila, trocar o bilhete sentado por um de "letera", comprar um par de sanduiches e embarcar no comboio.
Escolhi a letera de cima e pelas 20,30 já dormia a sono solto, derreada. As outras cinco companheiras (cinco) papaguiavam em espanhol. Eu misturava o italiano com o inglês, numa resistência incompreensível ao castelhano. Adormeci.
Acordei à uma da manhã, ainda a 11 horas da hora de chegada prevista. Doía-me o corpo todo de estar deitada há tanto tempo. Virei-me, torci-me, espreguicei-me, e voltei a adormecer. Eram 9,30 quando acordei de novo. Comi uma maçã, bebi água, mostrei as fotos às coleguinhas e depois adormeci de novo. Seguíamos com uma hora de atraso. Quem aguenta 15 horas, aguenta 16.
Chegámos a Vigo pouco depois do meio dia. A ligação ferroviária a Portugal far-se-ia pelas 19. Pois.
"A la estación de autobus, por favor?", perguntei ao taxista logo à saída da estação. "Es muy lejo caminando. Pero yo no te llevo." Eram apenas 3 ou 4 euros. Demasiado longe e demasiado perto. "Grazzie". Continuo a misturar as linguas. Vou a pé. Afinal quem andou 6 horas pelo meio de um desfiladeiro, consegue andar 20 minutos com 20 kilos em cima. Sobe, desce, pára para tomar pequeno almoço, continua a subir e depois desce sempre a direito até a la estación de autobuses. O autocarro para Tuy saía daí a 5 minutos, à uma da tarde. Meia hora mais tarde, voltava a colocar as mochilas, uma às costas, outra ao peito, e preparava-me para atravessar a ponte de ferro que une Tuy a Valença do Minho. Portugal à vista. Penso nos amigos e na família e estou radiante de estar de volta. A paisagem em torno é serena e acolhedora, e penso que esta é uma das portas mais bonitas de Portugal.

De repente é uma hora mais cedo. Mais uns dois quilómetros até à estação da CP de Valença e apercebo-me de que faz mais calor em Portugal do que em qualquer um dos países onde eu havia estado. A mochila vai pesando. As pessoas aqui olham-me com um misto de estranheza e admiração. Já não estou em Backpacking Land anymore. Estou de volta a Portugal. tenho comboio para o Porto às 13,45. Compro bilhete para o Porto, mas saio em Ermesinde e logo a seguir apanho o 8 que vai para o Marquês. Chego a casa às 16,30. Não perfiz 24 horas de caminho, mas foi rápido e quase indolor. Agora sinto ainda mais saudades dos meus amigos, agarro-me ao telefone, e saio logo para ir a um treino de capoeira. Estou de volta. Durmo quando puder ser.

terça-feira, setembro 21, 2004

...Barcelona by night.

Como sempre, foi difícil encontrar poiso...muito difícil e muito caro. Mas lá encontrei e o meu espírito ficou logo mais leve, 20 kilos mais leve. Junto à Rambla.
A sensação de passear em Barcelona foi...empowering. Estimulante. Senti-me no meio da civilização, num sítio borbulhante de vida e coisas a acontecer. Se não tivesse mesmo de regressar a Portugal no dia seguinte, teria ficado mais uns dias, umas semanas... Eu volto.

Venezia at dawn...

Cheguei a Veneza ainda não eram 6 da matina. É uma boa hora. Bati os turistas por duas horas e meia. E foi bom. Veneza é para se ver assim, antes do sol raiar e antes que as hordas de turistas invadam a Piazza San Marco e perturbem o meu sono.


...minutos antes de adormecer na Piazza San Marco, Veneza

segunda-feira, setembro 20, 2004

O 12 Pz Michelangiolo.

Hoje despeço-me de Florença. Depois de uma noite necessariamente dormida (porque o cansaço se impôs ao desconforto do terreno desnivelado), desarmei a tendinha, paguei o parque e fui apanhar o 12.
O 12 dá a volta inteira a Florença. E passa por todos os caminhos que percorri com o Tommi, se bem que não com o Heinrich. Não sou de chorar nem de grandes demonstrações de emoção chorosa, mas o trajecto do 12 comoveu-me. Não consegui resistir, não me apeteceu, não quis. Na paisagem de Florença projectavam-se todos os gestos recordados do Tommi, e todos os sorrisos, mas sobretudo o olhar terno e o cuidado imenso. Cada vista, uma recordação, um sorriso. E lá ia eu, entalada num banco de autocarro, sem paciência ou vontade para tirar a mochila das costas, e as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto. E sorria. E chorava. E nem disfarçava as lágrimas porque a felicidade não se disfarça. Um velhinho ainda pensou em oferecer-me ajuda, mas compreendeu que eu me despedia da cidade que era a dele, e que era uma despedida boa. E com o olhar terno, devolveu-me um sorriso, que eu agradeci.

Penso no Tommi e no que ele estaria a sentir. Onde ele estaria, se já teria chegado ao Monaco... Penso que ainda tenho idade para sentir tudo isto. E que ainda bem. E penso que, lá em Portugal, ninguém concordaria comigo. E penso que ainda bem que não estou em Portugal. Que ainda bem que estou aqui.

Com um dia para aproveitar, vou a Lucca e a Pisa. E compro os souvenirs da praxe. E à 1h47 da manhã apanho o comboio para Veneza.

Os melhores dias.


O Thomas e o Heinrich partiram hoje à noite. Depois de uma despedida mais sentida do que eu própria poderia ter previsto, regressei à minha tenda, desadequadamente montada em terreno inclinado e tentei dormir. Tinha mesmo de descansar. No dia seguinte, iria decidir o resto dos dias de viagem. Encontrei um cantinho na tenda onde o saco cama não escorregasse demais, e senti frio. O frio da ausência do Tommi, o frio de estar sózinha de novo. E o alívio de poder decidir novamente os passos seguintes. Agarrei no Phibos e na Athina e e dispus-me a adormecer agarradinha a eles. Recordei o momento em que vi o Thomas e o Heinrich no comboio para Patras, as 22 horas que pareceram dias cheios a bordo o SUPERFAST ferry entre Patras e Ancona, o americano nojento que se atirou a mim logo à entrada do ferry (e que eu fiz os possíveis para evitar o resto do tempo), e o grupinho de alemães que se juntou a nós os três: O Daniel e o Simon, a Andrea e o Andi. A garrafa de ouzo e a discoteca do navio aberta só para nós, os espanhóis que convidamos para se juntarem à festa na disco, e que puseram música espanhola e nem sequer dançaram. O corredor de serviço onde ninguém passava e onde pudemos todos adormecer até tarde, à sombra das mantas que colámos com adesivo às paredes para evitar que as luzes nos brilhassem nos olhos toda a noite. E depois o comboio para Bologna e depois para Firenze... E para mim, amanhã, talvez Veneza, talvez Roma, e antes disso, Lucca ou Siena. Amanhã eu decido. Estes foram os melhores dias de toda a viagem.
Adormeci com um sorriso encharcado em lágrimas.

Antes, durante e quase depois.

Antes de partir, perguntavam-me o que eu procurava com esta viagem. Em varios momentos e com varias pessoas que conheci na viagem, a mesma pergunta surgiu. "Why did you come on this trip? Why are you travelling alone?".
Eu tinha sempre a sensaçao de que a resposta ainda nao estava pronta. Agora ja està. Agora ja encontrei o que procurava.
Houve momentos em que estive feliz sozinha, completa, imperturbada. Outros momentos ficava satisfeita de ter companhia, mas ate um determinado momento a companhia foi sempre fraca. Faltava algo. Sentido de humor, sentido de companheirismo, excesso de independencia, incompatibilidade de destinos, conveniencia economica. Mas depois eu vim para italia. E encontrei o que procurava. A certeza daquilo que queria. Como um presente que nao chegou cedo demais, mas que veio completo e que agora que escrevo me traz lagrimas aos olhos.

Foram 3 dias...acho...perco a noçao do tempo, nas foram tres dias completos, inteiros, de 24 horas, quase nenhum sono, mas de Silvia Sem Filtro, mesmo.
Seja. Mas Firenze will always remain a spaecial place in my heart. Ja encontrei o que vim a procura. Ja posso ir para casa.

Il Primo Bacio.

Quem acha que Paris é uma cidade romântica, devia visitar Itália.
Nesta terra, a paixão é um estado de alma contagiante. Nesta cidade é ainda mais bonito namorar.
E existe coisa mais bonita do que namorar? Andar de mão dada, beijar, abraçar, ver as luzes da cidade do alto da Piazza Michelangiolo, e abraçar ainda mais quando o frio da noite aperta? Existe algo mais autêntico do que adormecer de exaustão na margem do rio, sob a Pontevecchia enquanto o resto dos turistas correm entre um monumento e outro?
Existe algo mais verdadeiro que as lágrimas que não se controlam no momento da despedida? Existe algo mais forte que o ultimo abraço?

E vero. Firenze é una citá belissima. Io statto molto felice à Firenze. (Dont mind my tears. They are happy ones. In English, en Francais, Auf Deutsch, em Portugues, in Italiano. Belo. Vero.)

Tchau Grécia! Ciao Itália!

E' quando vou a caminho de um novo destino que me sinto melhor. A cançao do Antonio Variaçoes nao falha uma palavra. So so estou bem onde (ainda) nao estou. Sò quero ir onde (ainda)nao vou.

Essa foi uma das principais diferenças que encontrei entre as ferias normais (planeadas para um sitio, uma resort, algo "sò para descansar", e esta coisa de viajar sem destino. Ha demasiadas opçoes, e ainda bem que as ha todas, e muita indepoendencia, sem obrigaçao de ficar sempre no mesmo lugar, e a possibilidade de continuar a viajar. So a mochila pesa, mas isso faz parte do encanto.
Deixei Santorini acho que no dia 15, a julgar por este blog, e logo no ferry para Piraeus (o porto de Atenas) conheci dois australianos muito altamente , o Dan e o Matt, e jà tenho onde ficar se um dia quiser conhecer Newcastle, perto de Sydney Australia. Eles sairam na ilha de Ios e eu continuei viagem e conversa com uma italiana muito castiça chamada Bruna, que tambem ja viajou sozinha e que com quem tive uma conversa fabulosa sobre mulheres que vaijam sozinha. Deu para sentir que nao estava sozinha nesta aventura e que a catadupa de emocoes e pensamentos que me esmagam constantemente sao, afinal, normais. Ela desembarcou em Paros, e eu continuei viagem pelos meus sonhos, embalada pelo ferry, e bem deitadinha num cantinho da sala de estar do ferry, embrulhada no saco cama e escondida atras de umas quantas cadeiras.

Em Piraeus, descobri que so esperaria meia hora pelo comboio que me levaria a Patras, na peninsula de Penoponeso (acho que é assim). Foi o primeiro comboio da minha viagem, a pala do interrail ticket.

Numa estaçao onde so esperaria ver senhoras velhinhas vestidas de preto e jumentos castiços, entraram o Tom e o Heinrich, dois alemaes que embarcaram comigo no SUPERFAST FERRY entre Patras (Grécia) e Ancona (Italia) e seguiram comigo para Florença. A minha verdadeira viagem estava prestes a começar.

quinta-feira, setembro 16, 2004

Terapia de choque..

Nao sei se e' do cansaco, do pouco sono, do algum alcool de ontem a noite, mas sinto-me tonta e mareada. Tudo bem que os ferries tem sido mais que muitos mas mesmo assim...Sera o sulfur na 'agua?
Isto de viajar sozinha e de mochila as costas e' uma experiencia peculiar.
Primeiro, a premissa e a de nao ficar no mesmo sitio durante as 2 ou tres semanas de ferias, logo implica muito mais planeamento. So' isto e' um choque. Ha decisoes a tomar, opcoes a fazer e nao se tem ninguem que concorde, discorde, ou conduza. Estas por tua conta e nao tens ninguem em quem por as culpas se as coisas nao correrem 100% bem. Isso tambem e' um choque. Confesso que me tenho portado bem comigo mesma, mas apetecia-me preguicar um bocado e nao da. Ando a tomar bem conta de mim, so de mim, e isso e' concerteza o maior dos choques.
Comeco a ter saudades dos amigos, do dia-a-dia naturalmente previsivel, dos caminhos conhecidos, do meu carro, da minha cadela, de jogar capoeira. Mas ao mesmo tempo, nao quero voltar antes do tempo. Isso seria um choque para o pessoal.

Chega de azul turquesa. Quero verde.

O dia de ontem encheu-me as medidas quanto a experiencia da ilha grega, tanto assim que ja na vou a Paros. Ja nao suporto o sol escaldante, apetece-me fresco, apetece-me campo verde. Estou satifeita da Grecia e quero deixar algo para uma proxima vez.
Ja sei que em Italia vai ser mais pedra, cidade, transito e poluicao, mas vou tentar encontrar o caminho para Toscania. Se nao der, teremos sempre o Minho. Apetece-me.

quarta-feira, setembro 15, 2004

O processo de tomada de decisoes.

Pois. Isto de fazer planos e muito complicado. Cada dia, cada hora te mostra o que has-de fazer a seguir. Uma especie de comportamento instintivo sobrepoe-se a qualquer processo racional de tomada de decisoes. "E' tempo de partir" e' o momento certo para ir. "Gostaria de ficar mais um dia" implica replanear os planos esquicados desdo o inicio.
Estava a pensar ir para Paros amanha. E dai para Piraeus (o porto de Atenas) e dai para Patras apanhar o ferry para Italia. Mas nem sei se vou para italia (muito caro, muito pouco tempo e muito stressante comparativamente com a calma inelutavel da Grecia), se fico, se voo directamente para Madrid, se volto a 21 ou a 23. Nao sei nada. Espero que o tempo e os acontecimentos me ditem a sorte.
Definitivamente, o tempo vale todo o tempo que demora (in SilviaSemFiltro). E eu aguardo que o tempo me diga o que farei a seguir. E assim se vai.

O pôr do sol do postal grego.

Estou á espera que o sol se ponha. Ainda falta uma hora inteirinha, mas estou egoisticamente sentada num dos melhores lugares para ver o pôr-do-sol. É o postal ilustrado de Oia e os turistas acorrem aqui para testemunhar diariamente este acontecimento único. Eu vim aqui porque faz parte do pacote da excursão, ora pois. Um dia destes, colocam um portão á entrada de Oia e começam a cobrar bilhetes...pensando bem, até já vendem.
Sinto-me bastante ridícula aqui à espera. E agora até fiquei ligeiramente irritada porque, pela primeira vez em dez dias, ouço uma família falar português, e foi logo o stressado do paizinho novo-rico a berrar com a filhinha pipi, a perguntar-lhe se o pôr-do-sol era para filmar ou para fotografar, porque afinal foi para isso que trouxe os dois berloques gigantes em forma de cãmaras topo-de-gama ao pescoço... Porra! Faça ambos ao mesmo tempo, e em movimento descendente, muro abaixo...que irritação. Respira fundo e acalma-te, observando o plácido horizonte. I'll have english old ladies anyday!
Eu e o cão aqui ao lado ocupamos o melhor espaço. Ele dá-me espaço, e eu impeço que as multidões o pisem. E agora já daqui não saio. Não gostei de ouvir português. E logo com uma preocupação tão ridícula. Os portugueses não sabem mesmo vir de férias. Que stresse!
...

Que sono. Espero, mas o sol demora a descer. Acho que estou a queimar a cara.

...

O pôr-do-sol não prestou. Afinal já estamos em Setembro, não é propriamente o Agosto intenso. Ainda assim a plateia aplaudiu. Ficou um bocadinho nebulado e os raios de luz não iluminaram Oia bem, bem como nos filtros do photoshop... mas para turista, todo o pôr-do-sol serve.

Histórias da Atlântida perdida.

Pois aqui estou eu em terra firme, pelo menos enquanto o vulcão assim o quiser. Santorini. Assim que desembarquei, o meu telemóvel tocou. Era o Ian. Estava a ver-me de um barco, mesmo ali ao lado, e ia partir num cruzeiro pelas ilhotas e costa de Santorini. Pronto, já não estou sozinha outra vez....isto da solidão dura pouco..lol.
Anyways, fui prontamente recrutada por uma angariadora de hóspedes e levada para Perissa (onde o Ian também estava) a troco de uma casinha toda só para mim, com duas camas duas, cozinha, frigorífico, casa de banho privativa, televisão, pátio e um céu cheio de estrelas numa villa com piscina! E tudo isto pela negociada quantia de 15 euros por noite.
Fica a 100 metros da praia de Perissa...interminável, de areia negra e mares cálidos, forrada a bares e restaurantes. Há um autocarro que nos leva a Thira (a cidade de Santorini) pela exorbitante maquia de 1.5 euro!!! Seja como for, Perissa vale pela praia e Thira pelas vistas e pelas lojinhas pejadas de coisa lindas, lindas, lindas. Enfim...
Hoje vou ver tudo o que há para ver em Santorini a bordo de um veleiro a motor, perdão um navio almirante, o King Thira, e caminhar sobre um vulcao, banhar-me nas hot springs (só tenho falado ingles, começo a esquecer-me de algumas palavras em português...sorry), conhecer os frescos fabulosos em Akrotiri(=Antiga Tira = antiga Santorini) e ver o pôr do sol na vila de Oia (lê-se Ia). Esta será a perfeita experiiência de ilha grega. Faltam 10 minutos para o autocarro me vir buscar!
(roam-se de inveja!!! :P)

segunda-feira, setembro 13, 2004

Sozinha pela primeira vez.

Vim quase assustada no autocarro entre Paliochora e Chantia. O Ian ja partiu faz dois dias mas foi prontamente substituido pelo Tom, um alemao muito peculiar. Mas eu ja aqui estava (em Paliochora) havia 4 dias e tinha feito tudo o que havia para fazer. Nao podia ficar nem mais um dia. Alem do mais, as saudades de casa comecam a apertar e Italia parece cada vez mais apetecivel.
Estava a contar que o Tom viesse omigo par Chania apesar de este ser o ponto onde nos separariamos. Eu vou para Santorini via Heraclion, ele vai explorar a costa oeste da Ilha de Creta. Mas ele deixou-se ficar em Paliochora, e eu vim sozinha. Enjooei imenso na camioneta, alem do friozinho na barriga por vir sozinha.
Mas eu ja conheco Chania. 'E uma cidadezinha pequena e muito agradavel com um porto veneziano. Mal cheguei descobri que o proximo autocarro sai as 5.30 da manha. Cansada e sendo que tenho poupado imenso $$, optei por ficar num hotel. Nao me apeteceu procurar domatia (quartos) e quero uma casa de banho privativa. E a primeira vez que estou mesmo sozinha, mas o instinto de sobrevivencia ja entrou em accao e estou a curtir imenso. Voltou o sentimento de liberdade e leveza por nao ter de se agradar a ninguem nem ter de convencer seja quem for a fazer o que quer que seja. Estou bem. E agora tenho de ir dormir. Tou tao cansada que me sinto tonta.
Beijos. O proximo post vira talvez de Santorini.

O Labirinto de Creta II

Os gregos sao grandes anfitrioes. Tanto o sao que nao querem que saiamos das respectivas terrinhas pelo menos nao muito facilmente. Por aqui, o lema e' levantar cedo para o transporte nao perder. Para sair de Creta vou ter de me levantar as 5 da manha para apanhar o barco para Santorini, e caso perca este barco tenho de esperar ate 5feira as cinco da tarde para la chegar de noite. E' definitavamente complicado, quase labirintico, coordenar transportes (barcos e autocarros)de maneira a nao perder dias de viagem. Mas la vou conseguindo, nao fosse a minha desde sempre conhecida e agora reconhecida capacidade de derenrrasque tao portuguesinha. E' um desafio e eu gosto. Em casa nunca tenho de pensar tanto e tao estrategicamente.
Dou por mim a equacionar a melhor maneira de apenas coleccionar bons momentos e nao acumular frustracoes pela perda dos tranportes. Os meus companheiros de viagem vem isso como uma caracteristica stressante. Pois para mim, e bem mais stressante ver um barco partir em direcao ao azul profundo do mar gregoo e eu ficar em terra a comer po'.

domingo, setembro 12, 2004

Samaria Gorge(ous)


Não sabia nada sobre esta caminhada. Só que demorava uma média de 6 horas a percorrer e que deveria levar sapatos confortáveis. São assim os gregos, só te dizem o mínimo essencial, ou não se alongam nos pormenores. Por isso, entre as dezenas de caminhantes que se aventuraram desfiladeiro abaixo, se encontravam senhoras obesas e com pés pequeninos que se agarravam aos maridos para descer de uma pedra para outra.

Samaria Gorge é um desafio físico e mental, um exercício de atenção e um sacrificio para os músculos e as articulações das pernas, um prazer e um previlégio de estar tão perto de tanta e tão esmagadora natureza. Valeu cada passo.

Fiz a primeira parte do percurso um bocadinho acelerada com o único intuito de escapar ao pelotão de caminhantes. Aquele sítio não era para ser apreciado entre multidões. O sol da manhã, o vento que soprava nos pinheiros lá no alto, o som do ribeiro à distância mereciam alguma independencia. Dei graças pela boa forma física, pelos pés calejados do treino descalço, pela força anímica que nunca me abandona, e dei graças também por estar sózinha, podendo sair do percurso, avançar e parar quando eu bem desejasse.

O caminho foi pedregoso durante as 5 horas que me demorou a percorrê-lo. Pedras de mármore, polidas mas pontiagudas, algumas estáveis outras nem tanto. A preocupação de assentar bem cada passo, escolher bem a próxima pedra, torna-se tão dominante que não é possivel pensar em mais nada. Esvazia completamente a mente. Como um exercício de meditação. A poucas pessoas em torno também caminham em silêncio, perdidas nos proprios pensamentos, ou tão alheadas quando eu, mas todos reverentes de tão impressionante exemplo do mundo natural.

Às vezes forçava-me a mim mesma a parar e olhar em volta, olhar para cima, para as paredes de rocha que quase se fechavam sobre a nossa cabeça, a deter o olhar em cada pormenor da paisagem. As formações rochosas são impressionantes, as cicatrizes na rocha contam milhares de anos de história. Houve momentos em que desejei conhecer mais sobre geologia, e pensei em amigos meus cujo interesse pelo tema eu nunca havia compreendido antes. Agora sim.

A meio da viagem, chegamos a uma aldeia abandonada. Havia burricos para levar os mais cansados para baixo ou para cima.
Não lhes auguro grande viagem, em especial aos burricos. O trajecto é mesmo complicado, ou então existe um atalho que não nos foi revelado.

Há quem faça Samaria Gorge de Sul para Norte. Mas esses são os profissionais.

O final é a parte menos agradável. Subitamente o silêncio e a concentração dos nossos passos são interrompidos por turistas barulhentos que se passeiam pelos 2 quilómetros finais do desfiladeiro. E é estupido porque esta é a parte menos interessante, e eles só incomodam. Dá vontade de voltar para trás, para onde estes intrusos não se aventurariam, ou de chegar ao fim rapidamente antes que o encanto fosse quebrado.

Sim ou não a Samaria Gorge, eis a questão.

Quando em dúvida entre ir e experimentar, ou ficar numa caminha preguiceira porque afinal isto é que é férias, a opção é sempre levantar e fazermo-nos ao caminho. Eu não preguei o olho esta noite. Vim para o quarto às nove e meia da noite e tive a tentar planear a minha próxima rota. Às dez já não conseguia manter os olhos abertos, cansados do sol, mas assim que apaguei a luz, o sono foi-se. Não preguei olho, especialmente porque sabia que tinha de me levantar às 5,45 para apanhar a camioneta para Omalos às 6,10. E ainda pensei em não ir. Mas fui.
Omalos fica no meio das montanhas, onde as estradas são estreitas e sinuosas, com uma vista vertiginosa sobre altos desfiladeiros. A camioneta é a da carreira e vai de povoado em povoado recolhendo as gentes. Mas a gente desta minha camioneta é maioritariamente turista e preferiu apanhar a carreira por €5 aos €33 exigidos pela excursão com guia turístico.
Omalos é onde fica o Parque Natural de Samaria, palco do reputado e anunciado em todas as brochuras cretenses Desfiladeiro da Samaria (Samaria Gorge para os ingleses, e Samaria qualquer-coisa-parecida para os franceses, alemães, italianos e espanhóis). Chegamos lá às 8 da manhã e estava um frio de rachar. Ora aqui está uma novidade em férias de Verão, um frio de 10º em plena Grécia, porque não?

sábado, setembro 11, 2004

Cada um por si.

A única coisa que eu e o Ian temos em comum é o quarto no hotel. De resto, são raros os momentos em que ficamos na companhia um do outro. Eu fico ao sol e precisa da sombra. Eu quero praia, ele vai passear pelos montes. Eu quero rir, ele não tem grande sentido de humor. Ele vai jantar, eu ainda tenho de tomar banho. Ele quer ir beber, eu preciso de dormir. Eu planeio o dia seguinte, ele nem sequer pensa nisso. Ele comunica-me que amanhã vai embora para Santorini, eu digo-lhe que fico e que vou para Samaria. Ele fica aliviado, eu também.

sexta-feira, setembro 10, 2004

Paz.


...pensamentos que nem eu conseguia escutar...
(praia de areia em Paleochora, Sul da Ilha de Creta, Grécia)

Silêncio bom.

Um pôr do sol no Sul da Ilha de Creta, um capuccino, um moleskine e musica grega. Palavras para quê?

Acompanhada de mim mesma.

Hoje foi a primeira vez que consegui uma hora para mim mesma desde que aterrei em Atenas. Tenho tido sempre companhia. Logo no aeroporto conheci o Jaime, e no Hostel conheci o Ian e o Tom. Acabei por vir com o Ian para Creta.
Mas francamente hoje ja estava precisar estar sozinha, escrever, pensar, apreciar a paisagem sem ter de a comentar de forma polida e consciente, 'a boa maneira britanica.
Vim sozinha com a perfeita consciencia de que conheceria pessoas novas, e e' o que tem acontecido com toda a facilidade. Ainda nao conheci ninguem que viajasse acompanhado, 'a excepcao de um casal. A companhia da' seguranca, mas a solidao confere espaco e liberdade. Vim sozinha tambem para me conhecer. Hoje quase deixei o Ian para tras. Nao aceito comprometer este tempo precioso, nem com pessoas, nem com lugares menos que interessantes. Ja passo o ano inteiro a fazer concessoes a tudo e a todos. Pelo menos nestas 3 semanas, nao vou deixar que isso aconteca. Nao quero que ninguem me pese na mochila. Uma das melhores coisas sobre viajar sozinha e' que so temos de nos preocupar connosco mesmos e nao com os outros, se se perdem, se tem razao ou nao, se querem, se concordam. Esta viagem e' acerca de mim. O Ian ou outra pessoa qualquer e' benvindo a acompanhar-me enquanto o destino for coincidente. Depois disso, amigos como sempre, (deixa-me o teu contacto) e cada um segue o seu caminho.
Hoje assisti ao por/do/sol na praia.
Um imenso silencio, com um cheirinho de musica turca a tocar muito baixinho numa esplanada fabulosa junto ao areal, e um capuccino para aquecer. Nao ha palavras. Tal como nao haveria vontade de as pronunciar ou as escutar se tivesse companhia. Sao estes momentos que procuro. Ficam so para mim. E' bom.

O Labirinto de Creta.

Depois de quatro dias em Atenas - um dia a mais do que o planeado, se e' que havia plano de todo, eu e o Ian escolhemos fazer a viagem de 9 horas num ferry ate' Creta. E assim foi.

Apanhamos o metro ateniense (de superficie, por sinal) ate ao Porto de Piraeus, com passagem pelo estadio do Paratinaikos em dia de jogo Grecia/Turquia, de apuramento para o Mundial. Foi demais. Havia gregos que ainda usavam o cachecol de Portugal e os bones euro2004. Um policia beijou-me na testa ao saber que eu era portuguesa, dizendo que nunca esqueceria o Verao de 2004. E' muito engracado estar na Grecia este ano.

Bem, mas la apanhamos o navio de cruzeiro que nos levaria ate Creta pela modica quantia de 21 euros. O objectivo era poupar uma diaria e dormir sob as estrelas no conves do navio. Perfeito.

Assim que as luzes se apagaram soube que tinha concretizado o objectivo desta viagem: fugir de terra firme. O ceu estava estrelado e nem sequer havia vento...
Depois de horas de conversa debaixo da Via lactea, umas quantas estrelas cadentes, e lua sorridente (e' verdade, aqui a lua parece um sorriso) encostamos os sacos-cama a um cantinho do conves e apagamos como velas, para acordar so ao chegar a Creta (porto de Souda, em Chania).

Depois encontramos um camping um tanto ao quanto ranhoso, junto a uma praia nada interessante pejada de baleias alemas e desejamos bazar logo, logo.

Chania tem um centro historico muito bonito, veneziano, mas as praias deixam tudo a desejar. Tinham-nos dito que deveriamos rumar a sul. No segundo dia, o Ian, preguicoso quis ficar. Tudo bem, mas eu vou embora. Claro que ele desfez a tendinha dele e seguiu-me. E' que nao havia mais nada para fazer naquele lugar. Ha mais paragens e melhores para descobrir. Bora la, mexe o rabo. Senao vou sozinha.

A estrada para Paleochora e' algo do outro mundo. O autocarro para em todas as capelinhas, mas faz uma tangente a uma ravina com centenas de metros. Nao sei porque^ os remendos no alcatrao nao me sossegavam... Seguiu-se um tunel que eu nao consegui perceber se foi construido 'a medida da camioneta ou se vice versa. E assim fomos, curva atras de contra-contra-contra-curva, a subir e a descer as montanhas que separam o norte da ilha do sul.

Finalmente chegamos a Paleochora e tudo ficou perdoado.

A vibracao aqui e' linda. Se eu nao chegar as outras ilhas e' porque aqui o tempo para e tudo descansa. Nem faco planos de ver o Minotauro. Eu acredito que tenha existido (a lenda), mas a pedraria em Atenas e Delphi bastaram-me para um ano. Agora quero praia.
O silencio aqui e' fabuloso, e a paz e' extrema, e ainda assim, 'a noite a vila enche-se de esplanadas e montes de gente simpatica.
Estamos a espera do Tom. Mas chegar ate aqui vai ser uma aventura para ele. Faltam estradas e horarios de barcos. Vou esperar por ele para depois continuarmos viagem.
Eu tambem vou continuar viagem. Ate ja.

Uma Lusa em Creta

O sr. Manoulis do Hotel Lissos em Paleohora não nos deixou ficar no parque de campismo. E ainda bem, porque está muito vento e o terreno é duro. Em compensação, ofereceu-nos um quartinho muito jeitosinho e azul e branco, com varanda, pátio e frigorífico por €10/noite. Afinal não é todos os dias que se recebe uma portuguesinha por estas terras do Sul de Creta. Pensando bem, conclui o sr. Manoulis, é a primeira vez.

quinta-feira, setembro 09, 2004

Em Chania, Creta

Silvia arma barraca

E até se está muito bem.

(primeira noite em Chania, Norte da Ilha de Creta, Grécia)

quarta-feira, setembro 08, 2004

Um quarto para quatro.

No inicio era so a Molly. Depois chegamos eu e o Jaime. A Molly nunca se misturou. Ficou duas noites e depois voltou ao Canada. Na segunda noite, chegou o Tom e foi empatia imediata. Estava eu a escrever o meu diario e o Tom a mandar uma sms a alguem quando o barulho dos nossos pensamentos fez com que a Molly nos expulsasse aos dois do quarto. Dai ate as seis e meia da manha foi sempre na risota no patio do hostel. Duas horas depois, acordei (eram umas 8) e fui com o Jaime a Delphi. Tres horas numa camioneta muito abafada ate um sitio lindissimo nas montanhas. Depois eu mostro as fotos.


Voltamos e encontramos o Ian, o mais recente flat mate.
Agora durmo com tres homens ao mesmo tempo! :) Quantas miudas se podem orgulhar do mesmo, ein? Lol. Mesmo. Estou muito bem acompanhada. E feliz e sinto-me em casa. :))))
Hoje vou com o Ian para as ilhas e o Jaime volta para o Mexico. O Tom tem assuntos a tratar e depois vai la ter. Todos eles, e todas as outras pessoas que conheci entretanto viajam sozinhas. E' uma onda especial e acabamos sempre por nos abrir mais e proteger uns aos outros. Trocamos informaCoes (e nao fluidos corporais)e combinamos cenas. Ninguem empata ninguem. E muito facil fazer amigos.
Desculpem-me se a qualidade dos textos e' menor, mas n tenho mesmo tempo.

Nota: Uma das coisas em que n se pode confiar sao as indicacoes dos gregos. Querem sempre ajudar, mas dez pessoas darao dez informacoes diferentes, custando-te horas de deambulacao em busca, por exemplo, do Posto de Turismo. Os caes sao 'as centenas todos enormes e doceis, bem como os gatos. As pombas tb nao voam 'a nossa passagem. Sao demasiado gordas. E' assim, aqui. Tasse bem. Este povo e' ainda mais brando que os portugueses, mas tem muito mais bom gosto.
O artesanto e fanta'stico mas n posso carregar tudo o que gostaria.
Quando respondo que sou de Portugal, os gregos abrem-me um enorme sorriso onde se poode ler Euro2004. Pois. E' nos sorrisos deles e nas t-shirts com os resultados na equipa grega na competicao.
Volto mais tarde. beijos grandes, grandes. E nao se preocupem porque eu estou muito bem. beijos da Silvia.

terça-feira, setembro 07, 2004

No silly pictures!

É proibido espreitar por detrás de uma coluna e ter esse momento capturado pela objectiva de uma câmara. Também não se pode posar em frente da mesma coluna e abrir os braços. Com os braços para baixo e um sorriso discreto, já é permitido. Impensável é completar uma estátua decapitada com a nossa própria cabeça. "No silly pictures!" avisam as senhoras que tomam conta dos pedregulhos antigos e dos turistas travessos. Ainda consegui uns quantos aús, mas ao plantar uma bananeira a senhora quase me suspendeu no ar por uma perna....Ahahaha! Pena que o Jaime não bateu a foto. Se não os consegues vencer, junta-te a eles e consegue a mais silly de todas as pictures, não é assim?

Atenas by foot.

O Jaime quase me matou de cansaço hoje. Este mexicano não é o Speedy Gonzalez, mas é definitivamente o Walky Gonzalez. Sem piedade e com um excelente sentido de orientação. Caminhámos Atenas toda, ou melhor, não toda, como pudemos descobrir assim que subimos ao Parthenon e vimos uma imensa massa de betão branco que se estende por quilómetros e quilómetros em volta. E eu que pensava que Atenas ia pouco para além de Plaka, a zona onde fica o nosso hostel, no sopé da montanha do Parthenon. É grande. Muito grande.
O plano de hoje não era o Parthenon. Era mesmo descobrir como chegar a Delphi e ao Oráculo de Apollo, mas caímos no erro de pedir indicações aos bons dos atenienses que, por muito simpáticos e prestativos que tentem ser, têm um problema gravíssimo de desorientação crassa e generalizada. Tudo o que queríamos descobrir era onde ficava o Posto de Turismo. Numa só praça, a mesma onde supostamente seria o Posto de Turismo, deram-nos 10 indicações diferentes, para direcções opostas e conflituantes, que nos custaram umas duas horas de deambulação pelas redondezas. Nem mesmo a senhora de um cretino posto de informações soube ajudar. No vidro da cabine lia-se: "Can I help you?". Resposta minha e do Jaime, em coro: NÃO!
Assim, quando finalmente encontramos o Posto de Turismo, o funcionário já não se encontrava. Ok. Ficamo-nos por Atenas. Há muito que ver. Delphi fica para amanhã.
Até ao Parthenon é sempre a subir, mas porque os restaurantes lá em cima são caros e porque o que apetece é um gyro (sande de pão pitta) por €1,5, toca a descer outra vez, mas como ainda há mais para ver, bora lá subir outra vez. Uffa!
Entre o Parthenon e todos os outros templos a Zeus, Apollo, Afrodite, as ágoras, a romana e a antiga, muita rua que sobe e muita rua que desce, trocamos o por do sol lá do alto da colina por uma esplanada muito agradável e um capuccino retemperante. Duas horas de conversa depois, voltamos ao hostel. Estávamos a hora e meia de distância a pé. Vamos a pé, porque não?

segunda-feira, setembro 06, 2004

Aú qualquer-coisa

Dedicado ao professor Felipe do Grupo Arte de Gingar So Capoeira.
Tou longe mas não me esqueco. Mais do que isso, eu morro de saudade. Beijos.

Mamã, juro que nao fui eu!

E ainda não tinha visitado a Acrópole...

Onde eu estou: na Grecia!

Pensei que fosse ser um choque cultural e que Atenas fosse algo de uma cidade turbulenta e poluida com um Parthenon de cortar a respiracao (nao encontro os acentos, os tils e os c's cedilhados), mas nao. Atenas e' uma cidade encantadora, calma e muito pacifica, povoada por gregos igualmente pacificos apenas superados pelas centenas de enormes caes sonolentos e mimalhos que polulam pela cidade. O Partenon e toda a restante pedraria espalhada pelo centro de Atenas e' sim de cortar a respiracao ate' porque tem de se subir muito e depois esta' muito vento la' em cima. Mas e' espectacular, e eu estou sentir-me absolutamente em casa. Os gregos s'ao iguaizinhos aos portugueses e soam a espanhois sem o "sssupinha de massssa". A maior estranheza e' causada pela lingua grega, os sinais em grego, as montras em grego, tudo em grego, em alfabeto grego!! Nao so n sei ler como bem sequer consigo tentar adivinhar. Tem traducao, mas a sensacao de total analfabetismo e' mesmo muito estranha.
A viagem ate aqui foi pacifica: Campanha/Entroncamento na boa. Entroncamento/Madrid tive a sorte de perguntar ao revisor onde ficava a minha "litera" e de ele me ter respondido. De outra forma eu estaria muito mal servida quando ele veio, a meio da noite/viagem, verificar os bilhetes e eu o tinha perdido (eventualmente encontrei). Atravessei Madrid de metro ate ao aeroporto sentindo-me absolutamente calma. Acho que era porque nao tinha de tomar conta de ninguem. So mesmo de mim. E isso deixava-me com uma paz de espirito imensa.
O voo de Madrid atrasou mais de uma hora, mas a comida a bordo da Olympic Airlines era fabulosamente mediterranica, e matou a imensa fome que eu ja sentia.
'A espera das bagagem no renovadinho em folha aeroporto de Atenas conheci o Jaime, mexicano a viajar pela Europa ha mais de tres meses. Ele tem sido o meu fiel companheiro e guia pelas ruas do centro de Atenas (sem ele eu nao teria conseguido chegar ao hostel por mais de uma vez...:P). Divimos um quarto mesmo muito pequeno num hostel com uma Canadiana, a Molly, e o Tom, que chegou hoje da Alemanha. O Jaime vai embora depois de amanha, e eu rumarei 'as ilhas, sozinha ou acompanhad, logo se vera.

A net aqui e' estupidamente cara. Estou a escrever depois da meia noite para se valha 3 euros/hora, ou teria de pagar qualquer coisa entre 5 e 6 euros. Literalmente vou ver-me grega para manter o blog actualizado. Ate la vou tirando muitas, muitas fotos, fazendo uns quantos videos e rezando para que nao me roubem a maquina. Mas isto aqui e mesmo muito pacifico. Eu conto mais depois.
Ate breve meus fieis leitores e voltarei assim que as aventuras me permitirem uma escapadinha cibernetica. Muitos beijos.(N'ao, ainda n aprendi nenhumas palavras em grego)

domingo, setembro 05, 2004

Acima das núvens.

Em mais do que um sentido. Até porque adoro a descolagem. É a parte mais fantabulosa de andar de avião. A aceleração...uau. Mesmo.
Deixei Madrid com uma hora de atraso (talvez seja a primeira experiência grega) a bordo da Olympic Airlines. Come-se muito bem a bordo desta companhia. Todas as hospedeiras, perdão, assistentes de bordo, são loiras mal oxigenadas e sorriem pouco. Mas come-se muito bem aqui, sim, sim.
Estamos com uma hora de atraso, mas eu não tenho pressa. Já sei em que hostel vou ficar, ta-se bem. Tenho um lugar de janela, por isso não podia ser melhor. Lá em baixo ainda se vêm os campos da paisagem espanhola, e aqui em cima há meia duzia de nuvens onde, imagino, anda o Professor Baltazar (alguém se lembra dele? Ele vinha até às nuvens a bordo de uma árvore voadora, acho...). O sol bate-me na perna, e é o primeiro sol que vejo desde que saí de Portugal. Espero que seja um bom prenúncio. Estou sentada mesmo junto a um dos motores do avião - se esta coisa pega fogo, eu frito - e esta coisa oscila como se de um carrocel se tratasse. E sobe e plana e eu sinto-me como se estivesse no Senhor de Matosinhos (Maçã, onde estás?). Estes aparelhos são fabulosos. A forma como conseguem levantar da terra e manterem-se no ar é absolutamente de louvar. Em certas e muitas coisas a raça humana é louvavel. Esta é uma delas.
Ao meu lado, segue um casal espanhol dos seus 60 e alguns anos. Ele lê um guia American Express sobre a Grécia, ela dorme serenamente. Eu escrevo, lamentando a letra que não consigo desenhar melhor, depois de ter lido um terço do do meu "Guide to Greek Island Hopping".
Estou com uma leve dor de cabeça e ainda cheira a peixe estufado aqui dentro. O Fernando Santos segue a caminho no AEK de Atenas apenas alguns bancos e uma cortina à minha frente.
Where are the refreshments?

Interrail acima dos 29 inclui avião, claro.

Aeroporto Barajas, Madrid.
Ainda são só dez e meia da manhã e já andei quilómetros dentro deste aeroporto. A viagem de comboio foi rápida e o sono o possível. Um único incidente ameaçou a paz da minha viagem. A meio da noite o revisor veio pedir os bilhetes e eu simplesmente não consegui encontrar o meu. Esvaziei a mochila pequena e nada. A minha sorte foi eu ter-lhe mostrado bilhete quando entrei no comboio, acompanhando com o meu melhor sorriso. Marcante. O homem lembrava-se de mim. Piscou-me o olho e disse-me que não me preocupasse, mas eu preocupei-me. Sabia lá se ele ainda estaria ali toda a noite ou se seria substituído por outro menos simpático. Insisti e acabei por encontrar o raio do bilhete devidamente acondicionado na frente da mochila grande. Humpf. Ao menos consegui conciliar o sono logo a seguir.
E aqui estou eu, de traseiro aparcado no chão, confortavelmente encostada à mochila, em frente ao balcão de check in que ainda não abriu e não vai abrir nas proximas duas horas (o voo é depois das 13), e a ver passar gente de todo o mundo. É giro. Aqui ao meu lado está um mocito muito interessante. Deve ser bailarino de discoteca. Tem as sobracelhas mais esculpidas que as minhas, e até gostaria de falar comigo, mas eu estou demasiado entretida com a minha observação da fauna local e distante que por aqui polula.
...
Que sono. 10h45. No balcao 237 já diz Atenas, mas eu estou muito bem aqui sentada. Ainda está CLOSED/CERRADO, mas eu estou alapada ao fresco e não me apetece desalapar. Não sei como há pessoas que insistem em ficar horas de pé a olhar para um ecran chato...

Viajar abre a mente a qualquer um. Vê-se muita gente diferente e imediatamente se sente mais à-vontade para se afirmar como cada um é: mais fios ao pescoço, roupas diferentes, mais cores, cabelos malucos, piercings, um caminhar mais descontraído, um sorriso no rosto...Ou isto é a minha cinzentez portuguesa a começar a quebrar. Adeusinho Portugal, pelo menos por umas 3 semanitas.

"Avisam-se os senhores passageiros que às 11 da manhã se inicia a missa na capela do terminal...". É bom saber.

sábado, setembro 04, 2004

Comboio II

O comboio para Madrid acaba de partir da estação do Entroncamento. Jáaqui estou instalada na minha couchete/letera/beliche, na mais alta que é bem melhor, mas está estupidamente quente aqui dentro. Estão aqui mais 3 mulheres que já dormiam quando entrei. Detesto entrar na cabine com as luzes já apagadas. É como entrar no cinema quando o filme já vai a meio. Mas seja. Eu aguento.
Fiz esta viagem há cinco anos atrás, e nota-se bem que cinco anos passaram sobre este mesmo comboio. Está cinco anos menos confortável. Não tenho muita alternativa senão olhar para o tecto, ou escrever no meu caderninho. Não recebi nenhuma SMS ainda. Também não sei se quero. Acho que era mais para me distrair o espirito.
Vou dormir, se conseguir. Boa noite.

Aqui vou eu.

Acabei de me sentar no primeiro comboio. Vou do Porto Campanhã para o Entroncamento. Está a chover a potes e esforço-me por pensar que não há melhor tempo para deixar esta cidade e esta realidade para trás. Daqui, parto para melhor.
A minha mae veio despedir-se de mim. Estava tão nervosa que se esqueceu de sorrir. Por isso, a despedida foi rápida. Sei que vai ser dificil para ela, mas ela sobrevive. A Loirinha toma conta dela. São 20,05. O comboio parte daqui a nada.
O caminho está todo à minha frente. Subitamente as pessoas ficam todas para trás. Só sobro eu e o meu destino.

sexta-feira, setembro 03, 2004

Friozinho na barriga.

Pronto. Já tenho os bilhetes e o primeiro hostel reservado. Ao contrário de todos os planos iniciais, não parto hoje, e não parto em direcção a Itália, e não vou de comboio+navio, mas de comboio+avião para Atenas, amanhã. Quero sol, e é tudo o que sei. Se quero ir para longe, mais vale ir para o mais longe possível. Talvez já vá à Turquia.
Ainda não fiz a mochila porque vou usar metade da roupa que vou levar e ainda utilizo metade dos utensílios que vou precisar. A mochila continua em aberto. A viagem ficou definida apenas hoje quando a senhora da agencia de viagens conseguiu emitir um bilhete da Olympic Airlines com partida de Madrid. Até lá vou de comboio, porque é assim que um interrail deve começar. Quando lá chegar, até de bicicleta eu aceito andar.
Vou-me. Estou animada, mas de cada vez que me desejam boas férias, sinto um friozinho na barriga.
Não sei quando conseguirei voltar a escrever, mas em breve, concerteza.
Passem por aqui e deixem comentários. Ou mandem-me emails para o hotmail. E façam o favor de ser felizes e enviar só boas energias na minha direcção. Beijos. Fui.

P.S. E não telefonem. Enviem SMS que eu vou adorar.

quarta-feira, setembro 01, 2004

Faz beicinho. :)

Esta semana está a ser difícil. Esta semana está a custar-me pensar que vou estar longe dos meus amigos durante um mês. Tenho dificuldade em desgrudar-me deles todas as noites. Já começo a ter saudades e eles já fazem beicinho quando se lembram da proximidade da minha partida. E eu gosto disso, das saudades e dos beicinhos.

Em aberto hoje e sempre.

Esta semana está a ser difícil. Achei que já tinha decidido o percurso inicial apesar de isso significar enfrentar duas zonas portuárias entre as dez da noite e as duas da manhã, sózinha e de mochila à costas. Mas uma conversa com um amigo fez-me pensar que seria mais simples e agradável concluir a viagem por onde eu estava a pensar começar.
Os planos continuam em aberto e estou à espera de um telefonema da agência de viagens. Talvez voe para Atenas. Talvez para Itália porque, pelos vistos, os voos para a Grécia estão todos cheios. Talvez vá acampar para o aeroporto à espera de cancelamentos. Talvez tudo mude e gosto disso.

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