O Labirinto de Creta.
Depois de quatro dias em Atenas - um dia a mais do que o planeado, se e' que havia plano de todo, eu e o Ian escolhemos fazer a viagem de 9 horas num ferry ate' Creta. E assim foi.
Apanhamos o metro ateniense (de superficie, por sinal) ate ao Porto de Piraeus, com passagem pelo estadio do Paratinaikos em dia de jogo Grecia/Turquia, de apuramento para o Mundial. Foi demais. Havia gregos que ainda usavam o cachecol de Portugal e os bones euro2004. Um policia beijou-me na testa ao saber que eu era portuguesa, dizendo que nunca esqueceria o Verao de 2004. E' muito engracado estar na Grecia este ano.
Bem, mas la apanhamos o navio de cruzeiro que nos levaria ate Creta pela modica quantia de 21 euros. O objectivo era poupar uma diaria e dormir sob as estrelas no conves do navio. Perfeito.
Assim que as luzes se apagaram soube que tinha concretizado o objectivo desta viagem: fugir de terra firme. O ceu estava estrelado e nem sequer havia vento...
Depois de horas de conversa debaixo da Via lactea, umas quantas estrelas cadentes, e lua sorridente (e' verdade, aqui a lua parece um sorriso) encostamos os sacos-cama a um cantinho do conves e apagamos como velas, para acordar so ao chegar a Creta (porto de Souda, em Chania).
Depois encontramos um camping um tanto ao quanto ranhoso, junto a uma praia nada interessante pejada de baleias alemas e desejamos bazar logo, logo.
Chania tem um centro historico muito bonito, veneziano, mas as praias deixam tudo a desejar. Tinham-nos dito que deveriamos rumar a sul. No segundo dia, o Ian, preguicoso quis ficar. Tudo bem, mas eu vou embora. Claro que ele desfez a tendinha dele e seguiu-me. E' que nao havia mais nada para fazer naquele lugar. Ha mais paragens e melhores para descobrir. Bora la, mexe o rabo. Senao vou sozinha.
A estrada para Paleochora e' algo do outro mundo. O autocarro para em todas as capelinhas, mas faz uma tangente a uma ravina com centenas de metros. Nao sei porque^ os remendos no alcatrao nao me sossegavam... Seguiu-se um tunel que eu nao consegui perceber se foi construido 'a medida da camioneta ou se vice versa. E assim fomos, curva atras de contra-contra-contra-curva, a subir e a descer as montanhas que separam o norte da ilha do sul.
Finalmente chegamos a Paleochora e tudo ficou perdoado.
A vibracao aqui e' linda. Se eu nao chegar as outras ilhas e' porque aqui o tempo para e tudo descansa. Nem faco planos de ver o Minotauro. Eu acredito que tenha existido (a lenda), mas a pedraria em Atenas e Delphi bastaram-me para um ano. Agora quero praia.
O silencio aqui e' fabuloso, e a paz e' extrema, e ainda assim, 'a noite a vila enche-se de esplanadas e montes de gente simpatica.
Estamos a espera do Tom. Mas chegar ate aqui vai ser uma aventura para ele. Faltam estradas e horarios de barcos. Vou esperar por ele para depois continuarmos viagem.
Eu tambem vou continuar viagem. Ate ja.
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