quinta-feira, setembro 23, 2004

Portugal à vista.


Levantei-me cedo e arrumei a mochila. Apanhei o metro para a Estação de Sans. Deixei ficar a mochila na consigna, comprei o bilhete para o comboio que partiria às 19 de Barcelona em direcção a Vigo. Depois passei o dia a subir e descer do Bus Turistic que me traria de volta à estação de comboio pelas 18,30. Tempo apenas para levantar a mochila, trocar o bilhete sentado por um de "letera", comprar um par de sanduiches e embarcar no comboio.
Escolhi a letera de cima e pelas 20,30 já dormia a sono solto, derreada. As outras cinco companheiras (cinco) papaguiavam em espanhol. Eu misturava o italiano com o inglês, numa resistência incompreensível ao castelhano. Adormeci.
Acordei à uma da manhã, ainda a 11 horas da hora de chegada prevista. Doía-me o corpo todo de estar deitada há tanto tempo. Virei-me, torci-me, espreguicei-me, e voltei a adormecer. Eram 9,30 quando acordei de novo. Comi uma maçã, bebi água, mostrei as fotos às coleguinhas e depois adormeci de novo. Seguíamos com uma hora de atraso. Quem aguenta 15 horas, aguenta 16.
Chegámos a Vigo pouco depois do meio dia. A ligação ferroviária a Portugal far-se-ia pelas 19. Pois.
"A la estación de autobus, por favor?", perguntei ao taxista logo à saída da estação. "Es muy lejo caminando. Pero yo no te llevo." Eram apenas 3 ou 4 euros. Demasiado longe e demasiado perto. "Grazzie". Continuo a misturar as linguas. Vou a pé. Afinal quem andou 6 horas pelo meio de um desfiladeiro, consegue andar 20 minutos com 20 kilos em cima. Sobe, desce, pára para tomar pequeno almoço, continua a subir e depois desce sempre a direito até a la estación de autobuses. O autocarro para Tuy saía daí a 5 minutos, à uma da tarde. Meia hora mais tarde, voltava a colocar as mochilas, uma às costas, outra ao peito, e preparava-me para atravessar a ponte de ferro que une Tuy a Valença do Minho. Portugal à vista. Penso nos amigos e na família e estou radiante de estar de volta. A paisagem em torno é serena e acolhedora, e penso que esta é uma das portas mais bonitas de Portugal.

De repente é uma hora mais cedo. Mais uns dois quilómetros até à estação da CP de Valença e apercebo-me de que faz mais calor em Portugal do que em qualquer um dos países onde eu havia estado. A mochila vai pesando. As pessoas aqui olham-me com um misto de estranheza e admiração. Já não estou em Backpacking Land anymore. Estou de volta a Portugal. tenho comboio para o Porto às 13,45. Compro bilhete para o Porto, mas saio em Ermesinde e logo a seguir apanho o 8 que vai para o Marquês. Chego a casa às 16,30. Não perfiz 24 horas de caminho, mas foi rápido e quase indolor. Agora sinto ainda mais saudades dos meus amigos, agarro-me ao telefone, e saio logo para ir a um treino de capoeira. Estou de volta. Durmo quando puder ser.

1 Comments:

Blogger André Parente said...

Hello. Apteceu-me fazer comentários em quase todos os posts do percurso, tal foi a identificação que senti em tantos feelings e momentos... Mas não quis que me inlcuísses na lista dos gajos do post de hoje no SSS ;).
PS - A praia não é Matosinhos, mas sim Tonel, em Sagres

8:49 da tarde  

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